O lado do desejo de engravidar que ninguém vê.
Hoje eu vim falar com você sobre o desejo de engravidar, e alguns pontos que estão por trás dele…
É comum que esse desejo apareça e a mulher não se dê conta de onde ele vem.
Mas uma coisa é certa: não, esse desejo não aparece por puro e simplesmente instinto maternal.
E de onde aparece, então? Continue lendo e descubra!
Bom, antigamente, a mulher exercia o papel quase que único e exclusivo de gerar vidas. Se ela fugisse a esse papel, não faria parte da sociedade, era renegada. Ideia que, de certa forma, se mantém consistente até os dias atuais. Só é mulher, se for mãe.
O que acaba por dar definição a muitas mulheres sobre como devem ser vistas e identificadas.
Isso se solidifica porque a maternidade é muito valorizada pela nossa sociedade, trazendo uma idealização a respeito dela e fazendo com que seja compreendida como um ganho imenso na vida da mulher.
A famosa MATERNIDADE COR DE ROSA.
Afinal, a gravidez confirma, com ‘todas as letras’, a feminilidade daquela mulher, marcando a diferença de gênero.
MOTIVOS:
Quando paramos para refletir, percebemos que existem motivos diferentes para o surgimento do desejo por uma gravidez.
Para entender esses motivos, podemos listar os 3 desejos mais BÁSICOS (sim, existem outros mas que, de certa forma, estão sempre interligados com um desses três):
- DESEJO DE PERTENCIMENTO/AGRADO
Esse desejo é aquele pelo qual as mulheres decidem engravidar por motivos externos, sendo da sociedade em que está inserida ou de alguém próximo a ela.
Esse é o desejo ligado ao que trouxe na primeira parte desse texto, às imposições sociais. Podendo ser uma tentativa de pertencimento àquele grupo ou de satisfação do outro, como o parceiro, por exemplo.
Afinal, as pessoas cobram os filhos por conta da idade ou do relacionamento em que você esteja.
Outro ponto é que quando se está em um relacionamento duradouro, se faz a necessidade no casal de crescer e aumentar ainda mais o vínculo e as possibilidades compartilhadas entre eles. E uma dessas possibilidades pode ser, justamente, uma criança.
É esse o desejo que se faz popular nas frases:
“Nossa, ainda não tem filhos? Na sua idade eu já tinha 3!” – “Preciso engravidar, todas as minhas amigas já tem filhos e eu não!” – “Meu marido é louco por crianças e acha que já está na hora de termos a nossa.”
- DESEJO DE TER UM FILHO
Parece estranho, mas existe uma diferença entre querer um filho e querer ser mãe.
Esse desejo é bastante ligado com o anterior, pois quando se tem o filho presente é que se é vista como mãe. Como um troféu a ser mostrado e admirado.
Além disso, pode ser por medo de esperar a vontade de ser mãe chegar, mas ela demorar e não ser mais possível gerar um bebê por conta da idade. Ou seja, para não deixar a oportunidade passar.
Ou por outros motivos, como a tentativa de segurar um relacionamento ou, ainda, pela descoberta de alguma doença que possa impossibilitar uma gravidez no futuro.
Outro ponto é a necessidade de deixar herdeiros, para que tenha quem cuide de si quando estiver em idade avançada. Além de ser uma extensão dos pais, como perpetuação da própria existência.
- DESEJO DE SER MÃE
Esse é o desejo que todos acham ser o único.
Mas quando se deseja ser mãe, se deseja o papel que uma mãe exerce. Do cuidado, proteção, carinho, educação… criação de um ser.
Ser esse que pode chegar totalmente ‘em branco’ e ser inteiramente moldado por essa criação, como um bebê. Ou que pode chegar como uma bagagem, podendo ter muitas influências e ser, também, moldada com essa criação posterior, como uma criança adotada, por exemplo.
É importante ressaltar que esse desejo, se existir sozinho (pois esses desejos podem se intercalar), pode ser suprido de outras formas. Como aquelas mulheres que fazem trabalho voluntário em abrigos e casa de idosos, por exemplo. Pois o papel materno descrito acima, está sendo exercido.
CONCLUSÃO
- Não existe um desejo mais válido ou mais correto que outro, o que importa mesmo, nesse assunto todo, é o autoconhecimento para que se tenha um melhor entendimento e, consequentemente, menos sofrimento a respeito do assunto. Afinal, quanto mais nos conhecemos, mais controle podemos ter sobre nossas vidas.
Podemos refletir que o objeto do desejo de engravidar, independente de qual seja ele, é um objeto perdido por nunca ter existido, uma falta, um buraco… que se faz presente, justamente, por ser uma falta aparente.
E é quando se percebe que a realização do seu desejo não está em suas mãos, que aparecem os sentimentos ruins dos quais é preciso cuidar: com a sensação de deficiência, desamparo, injustiça, impotência, fracasso e humilhação.
Para finalizar, gostaria de citar um trecho do livro: SEM FILHOS: A MULHER SINGULAR NO PLURAL de Luci Helena Baraldo Mansur (1ª ed. 2003).
“Em síntese, a mulher é um ser histórico dotado da capacidade de simbolizar, e o desejo de ser mãe é bastante complexo e difícil de precisar e isolar na intrincada rede de fatores psicológicos e sociais. Assim, torna-se perfeitamente aceitável que a mulher seja normal – sem ser mãe e que o amor materno, como todo sentimento humano – seja incerto, frágil e imperfeito.” (pg. 29).
Pera aí, ainda não acabou! Veja abaixo uma DICA sobre o tema!
Nesse vídeo eu trago mais o que uma dica, trago um exercício de autorreflexão para que você, tentante, possa entender melhor qual o seu desejo motivador para a tentativa de ter um filho e quais pensamentos, sentimentos e emoções estão por trás desse desejo.
Assista também a LIVE que eu fiz sobre o tema:
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